quarta-feira, 26 de maio de 2010

Abrir os olhos, o enxergar do amor

Assistindo um daqueles programas destas MILHARES de Igrejas (Evangélicas), lá apareceu um caso curioso. Num destes grandes eventos que eles fazem pelo Brasil, havia um garotinho, de aproximandamente uns 6 a 7 anos, cego, que o Pastor, gritou com toda a voracidade que a ele pertence, junto com a multidão que ali estava presente, dizendo que ele, o garotinho, estaria curado e que naquele momento, estaria enxergando.

Meu Deus do Céu, ou de qualquer outro lugar, sei lá, estava perceptível que ele mal conseguia abrir os olhinhos. A única coisa que ele fazia, era CHORAR, CHORAR, CHORAR e CHORAR. Chorava copiosamente. Dava pra ver, na musculatura dele o quanto ele se tremia. Era visível o medo que ele estava sentindo.

O Pastor, claro, de forma incansável, exigia que ele abrisse os olhos e gritasse 'Glória a Deus!' em outro canal, muitas materias foram apresentadas sobre pedofilia. Algumas das vítimas morreram, outras, estão hospitalizadas. Fazendo uma comparação, apesar de que não há, as vítimas de abuso sexual, de uma certa forma, por mais que fique, em suas memorias, em seu corpo, as marcas da mutilação, podem ter uma 'certa' cura, já este garotinho, infelizmente, ali, naquelas imagens, se fazia muito perceptível que o seu 'abrir os olhos', que o modo como tremia sua musculatura, e as constantes lágrimas que saiam de seus olhos, se fazia, numa certeza, de que o 'seu olhar', simplesmente, seria o do amor. Digo amor, pois ele, ao perceber, sentir a presença da mãe, recostou a cabeça em seu colo e continuava a CHORAR, CHORAR, CHORAR e CHORAR.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Atitude da leitura do olhar. Cuidado! Podes ser chamado de lerdo.

É incrível como penso todos os dias, na possibilidade que tenho de uma expressão por meio da ESCRITA. Assim como todo e qualquer indíviduo alfabetizado, sei que posso me expressar por meio da escrita, mas, parece que mesmo sem dar início, sem posicionar o lápis diante do papel, ou, nesse caso, o teclado diante da página em branco, me vejo num bloqueio. E passo horas numa postura estática, me perguntando o por quê de tal bloqueio, o por quê de não exercer tal ação. Respostas, não encontro nenhuma.

"Não se aprende se não praticar. Só se aprende fazendo"

Sabes essas infinitas frases de 'auto-ajuda', frases feitas mesmo?! Então, somos bombardeados a cada segundo, independente do meio de comunicação e/ou do local que estivermos, do ponto de ônibus ao elevador, sempre temos uma frase feita, com isso, ouvi esta frase, que coloquei ai em cima e fiquei refletindo sobre este pseudo-bloqueio, o do não escrever. Aí, hoje, tipo, agora, disse para mim mesmo, FODA-SE a estética, FODA-SE a forma, FODA-SE a estrutura, simplesmente, vai lá e FAZ.

É isso, estou aqui, exercendo este meu lado escritor. Hauhauhau! Simplesmente, quero escrever o que quero escrever, expressar o que a mim é adequado, a partir do meu ponto de vista, entendes?

Vamos lá, vamos nos permitir a viagens sem pensar na volta, simplesmente caminhar e caminhar, fixando o olhar no ponto mais longíquo a nossa frente, mas, se possibilitando à uma certa atenção em relação ao que está entre, ao que está presente no contexto que estamos inseridos. Observar, fazer sim uma leitura com o olhar. Em falar em leitura com o olhar, eu lembro na semana que eu cheguei aqui no Rio. A família que me acolheu em sua casa, num certo dia, a noite, logo na primeira semana em que estava aqui, me levou para passear pelo bairro. Eles, moram em uma área de favela, a famosa 'comunidade', como chamam aqui no Rio. Andando por dentro da favela, ficava impressionado o como eles projetaram e projetam as construções das casas, praticamente, uma dentro da outra. Ficava abismado, procurando entender por onde eles entravam, o como se deu a ideia de construir tal moradia, ou melhor, tais moradias, sinceramente, fiz uma leitura do olhar, do meu olhar, afinal, tudo aquilo ali era muito novo para mim. Digo novo, pois em Belém, até as invasões de terrenos, as construções das casas, se dão por um processo, digamos, organizado. Logo dividem o espaço para construir ruas, observam onde podem colocar os postes, fazem cercas, dão logo um jeito para criar um certo saneamento básico, por mais tosco que possa parecer, mas, pra eles, ali em Belém, aquela é a organização deles. E dentro da favela, pra mim, era um pouco indecifrável. Ficava olhando os detalhes daquelas casas, ficava me perguntando o como eles se possibilitavam morar em 'barracos'. Como aquelas crianças criavam os seus meios de brincar, enfim, tantas coisas se passaram pela minha cabeça, que tudo isso, tal leitura do olhar, foi visto, pelo 'pai' da família como um gesto de lerdeza.

É, fui considerado um 'lerdo', pois o 'filho', assim que chegamos do passeio, disse pra mim, que o 'pai' havia dito que eu era todo lerdo, pois o modo como eu olhava para tudo na favela era de uma postura lerda. É, se fazer observador, numa realidade que nunca foi sua, e que naquele momento, tu fazias parte, penso que o mínimo, era a atitude do observar, o mínimo.

"A vida é simples: é tomar decisões e não se arrepender" - Pensei nesta outra frase feita, com isso, tinha a certeza que, por mais simples que a vida seja, eu, teria que ter a certeza das minhas futuras escolhas, portanto, ali, aquele lugar, aquela cidade, aquelas pessoas, eram as minhas escolhas. As decisões, viriam com o tempo.

É... foi bom pra mim este primeiro momento!

Nos vemos logo logo!